A mulher, a menina e uma panelinha…

Por Magda Rodrigues

Nunca mais vou esquecer aquela tarde na Ilha de Inhansungue em Moçambique. Depois de visitar alguns doentes no único hospital da ilha e andar por entre aquele povo sofrido, sentei-me numa muretinha bem abatida. Ao menos as pernas descansariam um pouco. Não demorou muito para ouvir um choro constante e sofrido que vinha da direção de uma uma mangueira. Fui até lá e encontrei uma menina que deveria ter uns cinco anos de idade, ela chorava copiosamente. Um funcionário do hospital me disse que ela queria a mãe e que as duas moravam ali mesmo, debaixo daquela árvore. Fiquei compadecida e naquele momento a única coisa que queria era ver aquela menina parar de chorar. Saquei da bolsa um lencinho umedecido e dei para ela brincar, (já que ela nunca tinha visto algo parecido), enquanto que com outro lenço, limpava suas perninhas sujas e cheias de feridas. Não demorou muito e a mãe chegou. Sem dizer palavra alguma, apenas me olhava. As muitas moscas em sua boca parecia que não a incomodava. Fiquei consternada com aquela cena. Ela guardou o único bem material que possuía, uma panelinha, em cima do banco. Pegou a menina, amarrou a em suas costas com uma capulana surrada e fétida . Sentaram num pedaço de banco e ali permaneceriam prá sempre, apenas aguardando a vida passar.

Fonte: http://www.comunidadecarisma.net/portal/mulher/

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